quarta-feira, 24 de março de 2010

Insônia, Hamlet e Política

Já são mais de meia noite, sem nada pra fazer e com a programação deprimente da tv aberta peguei um livro que estava na cabeceira. A Tragédia de Hamlet, por Shakespeare. Abri em uma página qualquer e impressionante como a frase que li e a matéria que eu acabara de ver sobre politica desencaderaram um processo de reflexão em mim que até me fizeram levantar da cama e vir aqui compartilhar.

Não falo de partidos, mas da mídia. Aliás, não é novidade para ninguém que a televisão e os jornais desempenham um papel de protagonista na trama eleitoral do país. E o fazem com a “fantasia” da neutralidade, apodrecendo nossa democracia com a tirania da “opinião pública”.

Em ano eleitoral, e frente a toda essa crise política, minha pergunta é: sou capaz de ser autônoma em minhas escolhas? Ou sou apenas manipulada pelo humor quase sarcástico da mídia? Será que tem alguém brincando com minha opinião? Não podemos esquecer que, em última instância, somos livres para decidir sobre o que queremos em uma sociedade democrática. Apesar de serem bons recursos para nos ajudar nessa tarefa, os meios de comunicação não podem ser vistos como neutros. Se eles também são livres para comunicar um fato (daí a chamada “liberdade de imprensa”), tal neutralidade só pode ser vista como um mito.

Voltando a Hamlet, acabo de ler a parte em que Polonius, o político personagem do drama, fica desconcertado com a resposta de Hamlet à sua pergunta “O que você lê?”. A razão para tal pergunta é a suposta loucura de Hamlet. Diferentemente de suas expectativas, o príncipe da Dinamarca não estava louco. Pelo contrário, pelo menos na política, ele se mostra até mais atento do que nós. Afinal, sua resposta à pergunta de Polonius é simplesmente: “Palavras, palavras, palavras”...

É isso, não quero deixar que palavras e mais palavras ceguem meus olhores críticos, não só os meus, mas os da pessimista e estática população brasileira, e que a cômoda falta de memória não nos faça esquecer dos acontecimentos políticos deplóráveis que já presenciamos para que assim a história não se repita mais uma vez.

A palavra "crise" tem a característica de temporariedade, portanto deixemos de ser tão céticos e vamos fazer uma faxina nessa política brasiliera, sobretudo da nossa capital que tem tanta poeira escondida embaixo do tapete ;)

Boa noite.

Um comentário:

  1. Nada como dormir lendo um texto tão sensato, inteligente e "críticamente correto".
    Boa noite....Anjinha!

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